quarta-feira

Cintinuação da reportagem sobre Resíduo

2 – O resíduo sólido de construção e demolição: classificação e estimativas de geração

O resíduo sólido de construção e demolição é responsável por um grande impacto ambiental, e é freqüentemente disposto de maneira clandestina, em terrenos baldios e outras áreas públicas, ou em bota fora e aterros, tendo sua potencialidade desperdiçada.

Apesar desta prática ainda ser presente na maioria dos centros urbanos, pode-se dizer que nos últimos anos ela tem diminuído, em decorrência principalmente do avanço nas políticas de gerenciamento de resíduos sólidos, como a criação da Resolução nº. 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 2002), que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão destes resíduos, classificando-os em quatro diferentes classes:

Classe A – resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados (tijolo, concreto, etc);

Classe B – resíduos reutilizáveis/recicláveis para outras indústrias (plástico, papel, etc);

Classe C – resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias viáveis que permitam sua reciclagem (gesso e outros) e

Classe D – resíduos perigosos (tintas, solventes, etc), ou contaminados (de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros).

Estimativas de geração anual destes resíduos apontam índices mundiais variáveis. De acordo com (JOHN, 2000: 29), EUA, Japão e Alemanha apresentam alguns dos maiores índices. Para o Brasil (ÂNGULO et al., 2004: 2) indica 68,5 milhões de toneladas por ano.

(PINTO, 1999: 49), aponta para o Brasil, uma porcentagem destes resíduos em torno de 50% do volume total de resíduos sólidos produzidos pelos grandes centros urbanos. Merecem, pois, uma atenção especial quanto ao seu manejo e disposição. A Tabela 1, a seguir, apresenta algumas estimativas de geração destes resíduos em várias capitais do Brasil.

Tabela 1 – Estimativa da geração de resíduos sólidos da construção e demolição em diferentes cidades do Brasil para o ano base de 1997. (PINTO, 1999: 55).

Município Santo André São José do Rio Preto São José dos Campos Ribeirão Preto Jundiaí Vitória da conquista Brasília
Quantidade de resíduos (Ton/dia) 1013 687 733 1043 712 310 4000

Em recente pesquisa realizada por (ROCHA & SPOSTO, 2005: 9), foi apontada a geração de cerca de 5.500 ton/dia de resíduos sólidos de construção e demolição no Distrito Federal - DF. Ainda, em amostras coletadas em 14 canteiros de obras de Brasília, constatou-se a ocorrência de 85% de resíduos recicláveis (30% de classe A e 55% de classe B).

Observa-se que a quantidade destes resíduos é elevada, requerendo um manejo ambientalmente adequado, com alternativas para a sua redução, reutilização e reciclagem. Isto pode ser viabilizado pela criação de um sistema eficiente de gestão municipal, incluindo a coleta seletiva em canteiros de obra e a oficialização de áreas adequadas para a disposição e reciclagem dos resíduos.

O Distrito Federal conta atualmente com duas mini-usinas de beneficiamento destes resíduos, uma situada no Aterro do Jóquei, na via Estrutural, e a outra na cidade de Ceilândia. Somente a mini-usina situada no aterro do Jóquei, porém, está em funcionamento, e sua capacidade de produção é baixa, utilizada quase que somente para correções do terreno e pavimentação dentro do próprio aterro.

O resíduo da construção apresenta um grande potencial de uso, principalmente em se tratando do resíduo Classe A. Para a viabilização da sua reciclagem, porém, são necessários: mais investimentos em pesquisas nesta área, programas de coleta e gestão adequadas, principalmente nas grandes capitais (maiores geradoras) e construção de usinas de reciclagem em todo o Brasil (conforme já é feito em cidades como Santo André-SP e Belo Horizonte-MG).

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